Às vezes, era como se do teto surgisse um buraco, negro, de energia incontrolável, que sugava de meu corpo meu "eu" mais submerso e inconsciente. Eu era neblina. Branca e fria, esvaindo-me sobre as pedras da rua, penetrando pelas gretas do cimento, umedecendo a visão da noite. Porção frágil. Leve matéria. Até que o dia me encontrasse...Então, meu corpo despertava. Chumbo. Como um vulcão, aliviando-se em lágrimas, meus olhos captavam resquícios da noite. E a vida continuava...Metade. Como o mar, o inverno, o amor. Metade infinito, metade calafrio, metade medo. Continuava, como uma chuva que não lava, como os olhos, sem a íris.
Lílian Baroni
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
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2 comentários:
eu conheço essa poesia, vc escreveu a muito tempo atrás, não é? eu me lembro pq na época que li achei lindo a parte "eu era neblina" e "metade"
lindo realmente, chega a ser espiritual...
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