sábado, 12 de fevereiro de 2011

Fluidez






Não têm receio de falhar. De fato, frequentemente recebem isso bem. Não equacionam o fato de ser bem-sucedido num empreendimento em termos de sucesso como ser humano. Uma vez que sua autovalia lhes vem de dentro, qualquer acontecimento exterior pode ser encarado ojetivamente e apenas como eficaz ou ineficaz. Sabem que o fracasso é apenas a opinião pessoal que alguém expressa e que não deve ser temida, visto como não pode afetar a autovalia.



Assim tentarão todas as coisas, participarão de tudo apenas porque é divertido e nunca terão medo de ter que se explicar. Da mesma forma, nunca optam pela ira de nenhuma maneira imobilizante. Usando a mesma lógica (e nunca tendo que prepará-la de cada vez, visto como isso já se tornou um sistema de vida), não dizem a si mesmas que as outras pessoas deveriam comportar-se diferentemente e que os acontecimentos não deviam ser o que são. Aceitam os outros como são e esforçam-se para modificar os acontecimentos que lhes desagradam. Assim, a ira torna-se impossível, porque nada era esperado. São pessoas capazes de eliminar as emoções que de alguma forma sejam autodestrutivas e de estimular as que tornam as pessoas maiores.



Esses felizes indivíduos exibem uma admirável falta de defesa. Não participam de jogos, nem tentam impressionar os outros. Não se vestem para a aprovação alheia, nem se dão ao trabalho de se explicar. Têm simplicidade e naturalidade e não se deixarão seduzir pela necessidade de transformar em casos coisas pequenas ou grandes. Não gostam de discutir, nem são debatedores exaltados; apenas expõem seus pontos de vista, ouvem os dos outros e reconhecem a futilidade de tentar convencer alguém mais de que deve ser como eles são. Dirão simplesmente: “Está certo, somos apenas diferentes. Não temos que concordar.” Deixam a coisa ficar por aí, sem qualquer necessidade de ganharem a discussão, ou convencerem o oponente do errado de sua posição. Não têm receio de causar má impressão, mas não se esforçam nesse sentido.



Seus valores não são locais. Não se identificam com a família, a vizinhança, a comunidade, a cidade, o estado ou o país. Vêem a si mesmos como pertencendo à raça humana, e um austríaco desempregado não é melhor nem pior do que um californiano sem emprego. Não são patrióticos quanto a uma fronteira em especial, mas ao contrário, vêem-se como parte de toda a humanidade. Não ficam contentes por ter mais inimigos mortos, visto que o inimigo é tão humano quanto o aliado. Os limites traçados pelos homens para se definir um aliado não merecem o beneplácito deles. Transcendem as fronteiras tradicionais, o que frequentemente faz com que os rotulem de rebeldes, ou mesmo traidores.



Não têm heróis nem ídolos. Vêem todas as pessoas como seres humanos e não põem ninguém acima de si em importância. Não pedem justiça a todo momento. Quando alguém tem mais privilégios, vêem isso como um benefício para essa pessoa, em vez de como uma razão para se sentirem infelizes. Quando se defrontam com um oponente, desejam que ele saia bem, em lugar de querer que tenha um mau desempenho, para que possam ganhar pela falta do outro. Querem ser vitoriosos e eficientes por seus próprios meios, mas do que pelas deficiências dos outros. Não ficam insistindo para que todo mundo seja igualmente dotado, mas buscam dentro de si mesmos a sua felicidade. Não criticam, nem têm prazer nas infelicidades alheias. Estão ocupados demais sendo, para notar o que seus vizinhos estão fazendo.



Da maior significação é o fato de que essas são pessoas que amam a si mesmas. São motivadas por um desejo de progredir e, sempre que podem, tratam bem de si próprias. Não têm lugar para auto-piedade, para auto-rejeição ou auto-desprezo. Se você lhes perguntar: “Gosta de si mesmo?” ouvirá em resposta um sonoro “É claro que sim!” Na verdade, são aves raras. Cada dia é uma delícia, que vivem integralmente, em todos os seus momentos presentes. Não são livres de problemas, mas livres da imobilidade emocional que resulta dos problemas. A medida de sua saúde mental não está em saber se escorregam, mas naquilo que fazem quando escorregam. Ficam lá estendidas, chorando porque caíram? Não, levantam-se, sacodem a poeira e continuam com a determinação de viver. As pessoas livres de pontos fracos não correm atrás da felicidade: vivem e a felicidade resulta disso.



Do livro “Seus Pontos Fracos” – Dr. Wayne W. Dyer

Retirado de Vida Plena


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