sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009



Lua brilhante, noite de estrelas
Traga a minha alma de volta...

Vento, busque o meu amor
Que está perdido entre os dias e as noites
Perdeu-se no caminho de ser...
Está no vazio do querer...

Lembro o teu toque,
Sinto a sua falta...

Meu afago de vida,
Reencontrar-te é voltar a respirar,
Levantar o meu olhar,
Que já se cansa de buscar,
Em cada som diferente,
Cada rosto de gente,
Os sinais de tua presença...

Mas meus olhos não se enganam,
Ninguém tem o teu brilho...

Meu coração desmaia em tristeza
E depois explode em correnteza,
Deixando pulsar essa saudade,
Sabendo que jamais viverá, de verdade,
Se for apenas da lembrança do que é o Amor...

Se não puder driblar o destino
E te encontrar...
Serei, para sempre,
Uma parte esperança, uma parte dor...

Autoria: Lílian Baroni

Imagem: pela internet, desconheço o autor.





"O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor.

Embora, inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento.

Sem medida que eu conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza.

Não tem começo, não tem fim.

Rico não é o homem que coleciona e se pesa num amontoado de moedas, nem aquele devasso que estende as mãos e braços em terras largas.

Rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura. Não se rebelando contra o seu curso.

Brindando antes com sabedoria para receber dele os favores e não sua ira.

O equilíbrio da vida está essencialmente neste bem supremo.

E quem souber com acerto a quantidade de vagar com a de espera que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco de buscar por elas e defrontar-se com o que não é.


Pois só a justa medida do tempo, dá a justa 'atudeza' das coisas."

.

Autoria:Raduan Nassar
Imagem: Rarindra Prakarsa


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ei ! Sorria!!


Ei! Sorria...
Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente!
A vida não passa de uma tentativa.
Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.
Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei! Não corra. Para que tanta pressa?
Corra apenas para dentro de você.
Sonhe!
Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei! Ouça...
Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba...
Faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei! Descubra!
Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.
Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.
.
.
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Eu tenho tentado, Chaplin...
Tenho tentado...Photobucket

Imagem: Betina Humeres



domingo, 15 de fevereiro de 2009

Medo da Eternidade


Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: - Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.
- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.
- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
- Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.
Até que não suportei mais, e, atrevessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
Clarice Lispector

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009





“ Merece louvor os homens que em si mesmos encontraram o impulso e subiram nos seus próprios ombros”

Seneca