terça-feira, 27 de abril de 2010

Fielmente descrito...



Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela. Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela “vende” de si mesma. É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso. Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo. No final, sobreviverão as boas lembranças. Mas se esta pessoa “inventou” um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.


Desconstruindo Flávia, desconstruindo Gilson, desconstruindo Marcelo. Milhares de pessoas estão vivendo seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão desconstruindo ilusões, tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico. Ok, é natural que, numa aproximação, a gente “venda” mais nossas qualidades que defeitos. Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco. Nada disso, é a hora de fazer charme. Mas isso é no começo. Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas e nossas imperfeições. Isso se formos honestos. Os desonestos do amor são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, atônito.


Quem se apaixonou por um falsário, tem que desconstruí-lo para se desapaixonar. É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo de amar é mais forte do que sua astúcia. Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento nobre e verdadeiro não chegou a existir, tudo não passou de uma representação – e olha, talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.


A gente resiste muito a aceitar que alguém que amamos não é, e nem nunca foi, especial. Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé.

Texto: Descontruções, de Martha Medeiros


Alma Gêmea




segunda-feira, 26 de abril de 2010







... Há um olhar integral do qual temos necessidade a fim de nos vermos tal e qual somos. Porque a verdade sem amor é inquisição e o amor sem verdade é permissividade.

Estas são reflexões gerais e cada um pode entrar em particularidades que lhes são próprias, sentindo se existe em sua vida alguém que pode suportar sua sombra sem julga-la, apesar de não se mostrar complacente com ela. Creio que todos nós temos a necessidade, pelo menos uma vez em nossas vidas, de um tal olhar pousado sobre nós. Nesse momento não teremos mais necessidade de mentir, de nos iludirmos, de usarmos máscaras. Podemos mostrar nossa verdadeira face, nosso verdadeiro corpo, com seus desejos e seus medos. Podemos mostrar nossa verdadeira inteligência com seus conhecimentos e suas ignorâncias. Mostrar-se com o coração verdadeiro, capaz de muita ternura e também capaz de dureza e indiferença. Mostrar-se como não-perfeito, mas aperfeiçoavel. Sob este olhar nossa vida pode crescer. Porque o olhar que nos julga e nos aprisiona em uma imagem faz-no ficar parados, enquanto que o outro olhar nos impulsiona a dar um passo adiante desta imagem que os outros têm de nós.
 
Além da luz e da sombra - sobre a arte do morrer, do viver e do ser
 

domingo, 25 de abril de 2010

Retorna à raiz de ti mesmo







Não te afastes

Chega bem perto

Cria. Não sejas infiel

Encontra o antídoto no veneno

Vem. Retorna à raiz da raiz de ti mesmo



Moldado em barro, misturado porém a substância da certeza

Tu, guardião do tesouro da luz sagrada

Vem. Retorna à raiz da raiz de ti mesmo



Ao vislumbrares a dissolução

Serás arrancado de ti mesmo

E libertado de tantas amarras

Vem. Retorna à raiz da raiz de ti mesmo



Nasceste dos filhos, dos filhos de Deus

Mas fixaste muito abaixo a tua mira

Como pode ser feliz assim?

Vem. Retorna à raiz da raiz de ti mesmo



És o talismã que protege o tesouro

E também a mina onde se encontra

Abre teus olhos. Vê o que está oculto

Vem. Retorna à raiz da raiz de ti mesmo



Nasceste de um raio da majestade de Deus

E carregas a bênção de uma estrela generosa

Por que sofrer nas mãos do que não existe?

Vem. Retorna à raiz da raiz de ti mesmo



Aqui chegaste embriagado e dócil

Da presença daquele doce amigo

Que com o olhar cheio de fogo, roubou nossos corações

Vem. Retorna à raiz da raiz de ti mesmo



Nosso mestre e anfitrião

Colocou a taça eterna diante de ti

Glória Deus, que vinho tão raro!

Vem. Retorna à raiz da raiz de teu ser


Poema árabe- Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī
http://www.jaymemonjardim.com.br/clone/poesia/conteudo.htm





sábado, 3 de abril de 2010





Quem é capaz de perdoar realmente e de fazer uma nova canção de vida?
Quem consegue reconhecer a Luz, e fazer jus a Ela?
Quem consegue ser gente, mesmo sendo espírito?
E quem reconhece ser um espírito, aqui e agora, mesmo no meio de tanta gente?
Quem é capaz de carregar um grande amor num pequeno coração humano?
Quem chama a Luz, a não ser a própria luz, por semelhança?
Então, como dizem os sábios espirituais, "quem quer mais Luz, que seja Luz!"
E, quem compreenderá isso, a não ser alguém que
também busca essa Luz?
O que no mundo ninguém vê, o Céu lê nas entrelinhas do coração, e compreende...
Que, pela Luz que cada um irradia em torno de si mesmo, aparece a verdade de cada um.
Que, os grandes ladrões da Luz do coração são os
pensamentos negativos e o orgulho.
Que, não adianta andar no mundo com pose de campeão, se, por dentro, a Luz é pequena.
Que, grandes vôos exigem asas fortes e disciplina e não ter medo de altura.
Que, só ganha altura quem larga o peso. E só encontra a Luz, quem quer a Luz, realmente.
E, quem compreende isso, a não ser alguém da Luz? Talvez, Alguém Maior, que tudo sabe.
Alguém que compreende as canções e as entrelinhas do coração...
O Amor Que Ama Sem Nome, O Profundo, O Supremo, O Todo que está em tudo!
Que, às vezes, fala aos homens por meio de outros homens, na mesma Luz.
Outras vezes, Ele fala direto ao coração ou no cerne da canção.
Mas, nesse mundo de Maya, quem escuta? Quem compreende?
E quem é forte para carregar a Luz das estrelas num pequeno coração?
Quem é capaz de mudar a canção do egocentrismo pela canção da consciência cósmica?
E de carregar o sol na cara, mesmo em meio a escuridão e o materialismo exacerbado?
E, ao mesmo tempo, ser professor e médico da própria alma?
A Luz chama a Luz. Quem quer mais Luz, que seja Luz!
Quem compreende isso, em seu coração, realmente compreende..."


 (Dedicado a você, seja lá quem for, e que me acompanhou por essas linhas e sentiu, junto comigo, o coração fremindo nas ondas do espírito... Muito além, algo a mais, dentro e fora... Ah, você sabe. Uma Luz, um Amor.)*


Com Gratidão.
Paz e Luz.
- Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma, cada vez menor diante de um Grande Amor...