sábado, 11 de outubro de 2008

O Vento



O vento nunca parou. A mesma presença, a mesma força a revelar estranhezas, transpor dimensões. Mas o espelho em que bate, agora, tem outra imagem. O que era rasteiro, hoje é árvore. E depois de muitas chuvas, a música do mal humor do tempo fez mudar o que o destino quis prender em minhas mãos.
Meus pés não sentem mais o contato com a terra e a imagem refletida na água, não reconheço. Fui caminhando, com leveza, pelos desenhos que fazia o vento. Meu corpinho, de menina, desaparecendo entre um sol e uma lua...
Olhar no espelho é ver a poeira que restou de mim.
Minha energia brilhante doei para o silêncio que existe depois da montanha...
Em meu mundo de sensações pueris, cresceu uma ausência e um soluço de choro interrompido.
Porque eu nunca quis pedir para que o mundo, meu pequeno mundo, nunca me deixasse ir sozinha...

Lílian Baroni



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