segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Toada de ternura







Meu companheiro menino,

perante o azul do teu dia,

trago sagradas primícias

de um reino que vai se erguer

de claridão e alegria.



É um reino que estava perto,

de repente ficou longe,

não faz mal, vamos andando,

porque lá é nosso lugar.



Vamos remando, Leonardo,

porque é preciso chegar.

Teu remo ferindo a noite,

vai construindo a manhã.

Na proa do teu navio,

chegaremos pelo mar.



Talvez cheguemos por terra,

na poeira do caminhão,

um doce rastro varando

as fomes da escuridão.

Não faz mal se vais dormindo,

porque teu sono é canção.



Vamos andando, Leonado.

Tu vais de estrela na mão,

tu vais levando o pendão,

tu vais plantando ternuras

na madrugada do chão.



Meu companheiro menino,

neste reino serás homem,

um homem como o teu pai.

Mas leva contigo a infância,

como uma rosa de flama

ardendo no coração:

porque é da infãncia, Leonardo,

que 0 mundo tem precisão.


Thiago de Mello
Santiago do Chile,

novembo de 1964.